terça-feira, 31 de janeiro de 2012

E agora, o que fazer?

Nos últimos tempos, Portugal tem estado na ribalta dos palcos económicos por motivos menos simpáticos. As agências de rating vêm mostrando a todo o mundo que o país é incompetente e que não sabe tomar conta de si, mesmo que isso não corresponda totalmente à verdade, esquecendo que é devido ao seu país de origem que o mundo vive tempos difíceis. Todos os dias, a população é bombardeada com notícias desagradáveis, incómodas e assustadoras - não só de dentro, como de fora. A própria espetativa de melhoria é fraca, senão muito duvidosa e sustida em muitas penalizações. O futuro "hoje" assusta qualquer um, pois não há confiança no porvir do país. A grande maioria da população nem sequer sabe ainda como reagir. Têm pela frente um monstro e desconhecem o seu tamanho. E isso, assusta ainda mais. A questão é: até onde pode ir este buraco que todos os dias anunciam? Será que o capitalismo tem um limite? Onde parte a corda? E depois de partir, o que fazemos ao país que está na bancarrota?
Tudo isto são questões que poucos sabem responder. O comum mortal não sabe. Mas a verdade é que a reação das pessoas foi sentida em passos muito pequenos e desenvolvidos de forma ainda mais lenta. Senão vejamos. No ano de 2003, os portugueses eram informados que existia um buraco nas contas publicas e que o país estava de tanga. Quem nos informava era o senhor "Cherne"... Portugal passou a viver na tentativa de arrumar as contas. Mas, aos olhos de todos, a sensação que o governo transparecia era que lhe era incómodo mexer realmente no problema. Vivíamos o inicio de uma austeridade a passos e sem fim... No entanto, as pessoas viveram na ilusão e continuaram a gastar o que tinham e o que não tinham, vivendo na ilusão que todos poderíamos ter uma vida melhor, sem a preocupação de poupar para o futuro.
Veio a queda de um governo e foi colocado no parlamento uma maioria partidária de esquerda. Alguns portugueses tiveram a esperança que estes conseguissem arrumar a casa e colocar o país nos eixos. E infelizmente, aos poucos, a população foi vendo os apadrinhamentos, o mau-gasto de dinheiros públicos, a criação de empresas municipais ruinosas e sem trabalho válido, de políticos corruptos, de leis duvidosas... Enfim... Um dançar de posições que foi sendo dramatizado pelos protagonistas de sempre... E mesmo aí, estando os portugueses fartos desses protagonistas, aproveitavam os dias de escrutínio para prender-se com outros prazeres mundanos. Todos falavam nos canais de noticia que a população se tinha demarcado, há muito, da vida política. E isso, como é lógico, teria um custo, mais dia, menos dia.
E desde 2008, altura em que o mundo descobre que o dinheiro pode ser soberano nas nações, deparou-se com uma crise mundial. E Portugal ainda não tinha arrumado as suas contas. Mais! Por motivos populistas, o Primeiro-Ministro decidiu baixar o IVA em ano de crise! Isso não iria salvar as contas do país, pois diziam que era irrisório. Mas não estaremos todos cansados de ouvir sempre o mesmo discurso? A típica frase "Mas isto não é significativo para o orçamento"? Mas que raios! Não são demasiadas pequenas contas que não são significativas para o país? A situação foi agravando e fomos escondendo alguns pontos à Europa. Porque as contas eram pequenas...
E chegamos a 2011, onde finalmente perdemos a postura e temos de pedir ajuda ao exterior. Foi quando as pessoas levaram um verdadeiro murro no estômago. Foi-lhes retiradas diversas regalias, já por todos conhecidas e a vida ficou mais cara. E o que assusta é que nada nos garante que os próximos anos não tenhamos mesmo de empobrecer para que os nossos governantes atuem a seu belo prazer, podendo beneficiar de regalias que o comum cidadão não tem.
A população, após toda este caminhar penoso que vai tendo, vai vivendo segundo o sabor do vento. Vão gastando o que têm e pensam no futuro como algo que virá depois. Começa-se agora a ver o receio de não ter. E começa-se agora, já tarde, a poupar o que não pode ser poupado... Vivemos tempos dificeis... Mas sobre esses tempos, acresce a possibilidade de serem ainda mais duros. O que deveremos fazer? Como reagir? Vivemos com a Troika, que pode não ser a solução. Ficamos mais pobres e nem por isso a economia melhora. Os atores principais não nos dão confiança e algumas vezes deixam transparecer a ideia que não se preocupam realmente com o país real, aquele que é necessário a tantos pensionistas, a tantas famílias pobres, a tantos trabalhadores que vêm a seu trabalho empobrecer... O que fazer? Como de veremos actuar? Perguntas que vão passando e a resposta tarda em chegar. Todos estamos implicados, mas custa-nos a sermos carrascos de nós próprios...

1 comentário:

  1. Totalmente de acordo...é este o cenário deprimente do país do sol!Irónico!!!

    ResponderEliminar