quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Inacreditável...

Imaginem só esta situação. Um condutor vai numa Estrada Nacional qualquer do nosso país, descansado da vida, a caminho do seu local de residência, já que trabalha longe da família e dos amigos. De repente, o carro que segue à sua frente faz uma travagem brusca devido a um terceiro condutor que não respeitou um Stop. O que acontece? O condutor da nossa história tenta travar a fundo, mas infelizmente embate no carro da frente. Muito chateado, o condutor sai da sua viatura e fala com a pessoa sobre o sucedido e chegam à conclusão que o fugitivo era o culpado. Ainda assim, como nenhum tivera tempo de retirar a matrícula do culpado, o condutor aceita fazer um acordo amigável. Enquanto os condutores estavam a resolver tal formalidade, chegou a Brigada de Trânsito. Saem os agentes da sua viatura e perguntam se os condutores necessitavam de ajuda. Ambos afirmam que não é necessário, mas, ainda assim, os agentes decidem medir a travagem ocorrida entre os carros. Foi explicado aos agentes o que tinha ocorrido e ambos notaram que as histórias coincidiam. Por uma questão de informação, os agentes falaram com o nosso condutor na possibilidade de incorrer numa multa de 60 a 500 Euros por não respeitar a distância entre carros. Mas, como forma de consolo, não iriam multar o condutor e que o deixavam seguir marcha. O condutor, ainda chateado, segue o seu caminho, contabilizando os estragos e pensando que, no meio disto tudo, os agentes tinham sido muito benevolentes.
Mas um ano depois, o nosso condutor recebe uma carta registada em casa com uma multa por pagar! O condutor, ainda que indignado, pagou a multa e pensava ele que nada mais se iria seguir. Erro dele, pois dois anos após o acidente, chega uma carta da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária a dizer que terá de entregar a carta ao Governo Civil no período de dois meses!!! É natural que o condutor não tenha recorrido da multa, pois julgava que tal história não iria ter mais desenvolvimentos. Erro seu! Caiu na boa fé dos agentes visados e foi enganado!
Não bastava a esse condutor ter batido num carro devido a um terceiro que não respeitou as regras de condução, de pagar o arranjo do outro carro, de agravar no seguro, de pagar uma multa, como agora vai ficar sem carta!!!! Enfim... O nosso país faz leis que são algo extra ordinárias! Até parece que os condutores andam na estrada com vontade de bater nas outras viaturas. Notoriamente, esta lei serve só os interesses da Brigada de Trânsito, pois são os únicos que beneficiam com todos estes pontos.
Só falta referir que esse condutor sou eu... Que mais me irá acontecer?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Como direi?

Cheguei ao ponto de não retorno. Ambicionei tanto vir para o Alentejo, para enriquecimento a nível pessoal, e neste momento estou cansado de viver por cá. Foram dois anos e meio de experiências, de conhecimentos e até de uma busca incessante do eu, em que me fui descobrindo e crescendo. Mas neste momento, estou cansado. Mostrava-me satisfeito por ter ficado vinculado a um lugar, mas nunca contente pelo lugar que me tinha calhado na rifa. A experiência foi dada em diversos pontos. Fui conhecendo as pessoas. Fui tendo momentos felizes. Fui amargurando aos poucos. Fui-me libertando de alguns fantasmas. Fui-me entregando a quem mais me queria. Fui batendo com a cabeça nas paredes. Fui cedendo a diversos níveis. Fui chorando e rindo consoante as vivências que ia passando. E no final, ficou um lado negro devido à interioridade que nos vai consumindo, onde nada se passa, onde as coisas são duras de viver e de saber levar.
Ao cabo de algum tempo a viver no Alentejo, a tristeza invadiu-me. Julgava eu que conseguiria mudar este meu estado de espírito. Mas foi nestes últimos anos que vivi os meus melhores momentos.
Se me perguntarem qual a razão de tal fastidio, não saberei responder directamente. É possível que se deva a condições de trabalho, a sentimentos, a provações, a desconfianças, a desilusões... Não gosto disso. Preferia viver com mais positivismo. Mas enfim... Levemos as coisas com um pé ante outro. Amanhã nascerá o sol e com certeza que acordarei com outro animo. Assim o espero.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Coragem

Até que ponto se tem coragem? Até onde vai essa força? O que nos motiva para seguir determinado caminho? E qual o receio de seguir outros? Tantas perguntas. E mais tempo teríamos e colocaríamos outras tantas que surgissem. Mas não temos coragem de as colocar e até parece que temos receio de nos confrontar com elas, pois algumas vezes é mais cómodo contorná-las. A coragem está associada à libido que cada um tem. É a parte da excitação que desperta a cada vez que tomamos força para seguir ao que nos propomos. Ou então o de tomar determinada decisão que pode mudar tudo. É a vontade de mandar tudo para trás e seguir outro objectivo. O de deixar de pensar só nos outros e começar a pensar só em si, pois também é necessário em algumas alturas.
Ainda assim, há momentos em que qualquer um tem de fraqueza e não tem coragem de fazer um esforço ou desafiar o seu próprio destino. E nessas alturas, após alguma reflexão, entendemos que poderíamos ter mudado tudo, que determinada decisão poderia ter representado a diferença. Ou seja, faltou coragem. Ou faltou vontade de seguir outros caminhos.
Cada um só vai até onde se sente seguro, onde o chão até pode estremecer. E pode ir até ao êxito ambicionado. pois só seguimos os caminhos que desejamos e se nos enganamos, temos por hábito de reiniciar outro caminho.
No entanto, é verdade que cada um segue o caminho que sempre idealizou, sem a displicência de ceder um pouco, exigindo tudo o que sempre desejou, e levando ao desconforto de qualquer situação. As exigências são bem vindas quando ambas as partes fazem cedências e entendem que podem ser diferentes. A solução pode estar na coragem de aceitar essas diferenças e tentar fazer com que as coisas sejam diferentes.
Enfim, é nessas alturas que voltamos a pensar nas prioridades.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carminho

Eis uma nova voz no panorama do Fado. Já se tem vindo a mostrar em diversos eventos e merece realmente que se dê alguma atenção a esta jovem fadista que começa a dar cartas. É-me bastante especial, e vou guardá-lo junto dos melhores sentimentos que tive. Seu nome é Carminho. em seguida, ouça um dos seus fados.

Tenho ciúmes,
Das verdes ondas do mar
Que teimam em querer beijar
teu corpo erguido às marés.

Tenho ciúmes
Do vento que me atraiçoa
Que vem beijar-te na proa
E foge pelo convés.

Tenho ciúmes
Do luar da lua cheia
Que no teu corpo se enleia
Para contigo ir bailar

Tenho ciúmes
Das ondas que se levantam
E das sereias que cantam
Que cantam p'ra te encantar.

Ó meu "amor marinheiro"
Amor dos meus anelos
Não deixes que à noite a lua
Roube a côr aos teus cabelos

Não olhes para as estrelas
Porque elas podem roubar
O verde que há nos teus olhos
Teus olhos, da côr do mar.

Meu Amor Marinheiro, Carminho