Lagarada

Muitos devem estar a perguntar-se o que será uma lagarada. Ora vejamos. Lagarada é um jantar que se prepara num lagar de azeite, onde se comem as tibornas, onde se prepara um prato com bacalhau, batatas, couves e alho numa panela de ferro, onde é tudo misturado e regado com azeite quente. Depois, é só servir e beber a nova produção de vinho.

Tudo isto tem o pretexto de juntar os amigos para cumprir tradição. e já lá vão largos anos...

Este ano, as coisas começaram de forma atribulada, pois a neve chegou pela manhã, a chuva apresentou-se durante todo o dia e a electricidade não queria que se celebrasse a lagarada. Mas, "pelos deuses", as coisas entraram nos eixos e iniciamos todo um trabalho para que pela noite dentro se pudesse jantar. E então começou a animação. Desde conversas paralelas, a cantorias, a recordações, tudo se fez sentir no Lagar de São Bento. Foi uma noite bem animada, bem regada e bem repastada.

Convidaram-se os fadistas e o acordionista para animar o espaço. e resultou na perfeição! Muitos são aqueles que aguardam impacientemente a data deste evento, pois é um serão muito agradável, E a alegria do Natal ainda se encontra presente, o que traz ainda mais ternura a tudo isto. E em bom da verdade, este jantar serve para pôr fim a mais um ano, em ambiente de alegria e amizade.

A magia do Natal

Segundo a tradição católica, há um velhote que na noite de 24 para 25 de Dezembro desce a chaminé e deixa os presentes debaixo de uma árvore enfeitada... Há quem lhe chame de Pai Natal ou então de São Nicolau ou até mesmo de menino Jesus (não seria ele demasiado pequeno para poder se movimentar pelas casas?!?!?).

A imagem do Pai Natal é a de um idoso, com uma farta barba branca, que se movimenta em renas e que consegue chegar a todo o lado... Anda sempre sorridente e tem um ar ternurento, como se fose um avozinho. Gosta de distribuir presentes aos mais novinhos. Mas há um senão: só leva presente a quem se portou bem o ano inteiro e a quem lhe deixa um copo de leite com bolachas... (daí a sua silhueta tão delgada...) A sua farda deve-se ao mundo da publicidade e do marketing. E assim se alimenta o sonho de muitas crianças.

Mas não são só as crianças que escrevem ao Pai Natal, na esperança de receber o presente desejado. Não escondo que também eu sonhei com presentes desejados e que, segundo a tradição, este ano, devo-me ter portado muito bem, pois fui bafejado com bastantes presentes. A felicidade andava estampada no meu rosto. Gostei imenso de todos os meus presentes. E por isso agradeço a todos os Pais Natais que passaram por minha casa.

Ao apagar das luzes

À noite, quando as luzes se apagam, vagueia na minha mente todo um imaginário diferente, um mundo de sonhos que nem sempre está presente no nosso dia-à-dia... Não procuro nada em especial, não desejo nada em concreto... Simplesmente sonho, viajo, ando por entre as nuvens... Planeio, ambiciono, desejo... E nada me vem à mente... Simplesmente tento descansar dos dias passados e tento relaxar da vivência frenética que o mundo nos obriga a seguir.
Ponho-me a imaginar anos seguintes, momentos vindouros ou situações possiveis. Rio, sorrio, imagino, penso e não tiro nenhuma conclusão nem nenhuma solução.

Simplesmente vagueio pelos pensamentos da noite... Deito-me a pensar, remexo-me na cama sem descansar e depois chega o sono e com ele os sonhos... Os mais ternos sonhos que nos apresentam outro mundo, outros lugares, outras pessoas, outros projectos, outros momentos... Tudo parece tão fácil, é tudo tão acessivel e agradável... Tem-se a sensação que se vive num mundo perfeito aos nossos olhos, aos nossos sonhos... Viajo, vivo novas vidas, atravesso obstáculos, supero as dificuldades com a maior das facilidades e no fim de contas, começo a pensar que tudo isso me é dado com demasiada facilidade... E é nesse momento que acordo e me deparo com a realidade. Fico, ora descansado, ora triste, ora pensativo. E chego à conclusão que o mundo dos sonhos pode ser um escape à realidade, que os obstáculos estão à nossa frente para serem superados ou então que gostariamos de viver o sonho... Levanto-me e vou para a casa de banho, ainda meio ensonado e coloco-me debaixo do duche para poder começar o dia com ideias frescas...

Grande concerto

Que grande concerto! Que noite mágica! Há muito que não ia a um concerto que me deixasse tão estarrecido como foi o concerto de Buika. Esta palmaiorquina deixou-me realmente bastante satisfeito. Tivemos direito a participação da nossa fadista Mariza e tudo! A cantora, que julgava ser bem mais alta, apresentou-se com uma voz pujante e agradável, com um misto de iberico e africano. Esta deu a entender que gostara bastante do ambiente da sala e grande parte dos presentes cantaram e deixaram-se levar pelo excelente ambiente que o Centro Cultural de Belém proporcionou. Todos os presentes se renderam aos seus encantos e ao dos seus músicos. Nota vinte para o concerto.

Frase Pessoana

"Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."

Fernando Pessoa

A terrivel busca da prenda perfeita...

Esta semana lancei uma questão no blogg sobre se as pessoas iriam gastar mais ou menos este Natal. É notório que este ano a crise chegou ao sapatinho de todos... A grande maioria só irá comprar mesmo uma lembrança ou algo que seja simplesmente simbólico. Não está fácil e todos estamos a sentir isso mesmo... Eu cá nem sequer comecei a pensar no que é que vou oferecer e a quem... É sempre a mesma coisa! Eu não consigo decidir quando começar a fazer as compras e o que oferecer. Creio que é sempre o mesmo dilema e sempre as mesmas duvidas. e quando perguntamos às pessoas o que gostariam de receber, ou nos respondem que não querem nada (isto é outra falsa questão, pois todos gostamos de receber algo, nem que seja uma pequena lembrança) ou então estamos sempre receosos que as pessoas sejam demasiado ambiciosas no que pedem. Mas a realidade é que as pessoas já não têm essa ambição. Sabem que as coisas não estão fáceis e que o facto de se lembrarem de nós já é uma dádiva do Pai Natal.

A mim tambem me vão perguntando o que gostaria de receber... Nesse caso, é melhor não ir por esse campo... Teria tanta coisa para pedir ao Pai Natal... Desde receber um carro novo, a ter disponibilidade financeira para restaurar a "minha" casa, ou então uma viagem... Mas contentava-me somente com uma Nexpresso ou uma boa dose de livros... Pronto. Eu sei. Estou a pedir coisas caras... Mas tambem não é isso que peço às pessoas. Na sua grande maioria, até digo que não quero nada. E no fundo, é mesmo isso que sinto. Quero que as pessoas que me rodeam sejam felizes, boas amigas, que tenhamos todos bons momentos para recordar no momento de voltar a estar juntos. O Natal será mais o espirito que outra coisa. E eu gosto do espirito do Natal. o cheiro das ruas. As luzes. Os enfeites. O frio.

Bem. Aí estão os meus pedidos de Natal. No caso de isto não responder às perguntas que me vão fazendo sobre o que é que eu quero, uma simples lembrança e o desejo de boas festas já é muito reconfortante... Quero paz e amizade para todos, pois isso eu vou dando ao longo do ano a todos.

"O Natal que eu quero". Daniel Sampaio

Eis uma carta de um aluno que deveria ser levado a serio. Este tambem seria o Natal que eu queria.

"Ninguém me pediu opinião, eu sei. Na escola é costume não ligar muito ao que pensam os alunos. Mas eu gramo a escola, gosto dos meus amigos e há uma data de professores que até são fixes. Ando no 8.º, tenho bué de disciplinas, algumas não dá para entender. Estudo acompanhado para um gajo de 14 anos? Formação Cívica? Não percebo bem, é uma coisa de 90 minutos por semana em que o stôr, que é o director de turma (nós dizemos DT), está sempre a mandar vir, a dizer para nos portarmos bem. Da Matemática não me apetece falar, o stôr tem pouca pachorra para tirar dúvidas. História é um bocado seca e percebo mal o livro, faço confusão porque não contam a vida dos reis como o meu avô me explicava, por isso estudo para os testes e depois esqueço tudo.Não, não pensem que venho aqui criticar a escola, já disse que gosto de lá andar. O problema é que aquilo anda mesmo esquisito, podem crer. Já o ano passado os stôres andavam às turras com a ministra e apareciam nas aulas chateados, um gajo mandava uma boca e levava logo um sermão, às vezes diziam mesmo para nos queixarmos à ministra, como se chibar fosse coisa que desse jeito. Mas este ano está bem pior: falamos comos professores nos intervalos, "olá, stôr!" e eles andam mesmo tristes, a minha stôra de Inglês, que eu curto bué, diz que está"desmotivada" e que está farta de grelhas de avaliação e de pensar em objectivos. Eu de grelhas não percebo nada e, quanto aos objectivos,os meus são divertir-me uma beca e passar o ano, não quero mesmo ficar para trás porque os meus pais dão-me nas orelhas e fico sem os meus amigos, que é uma das coisas porreiras que a escola tem. Por isso peço a todos que se entendam. Ver os professores aos berros na rua é uma coisa que eu compreendo, têm todo o direito porque nós às vezes també mandamos, o problema é que assim ainda há menos gente a preocupar-se connosco. Os nossos pais não têm tempo, andam sempre a trabalhar e ficam descansados porque estamos na escola a aprender e a lutar pelo nosso futuro, mas agora a coisa está preta, os nossos stôres estão cansados, o que é mau para nós: quem nos ajuda quando estamos aflitos? Eu sempre contei com um ou dois dos meus stôres, o ano passado quando me achava um monstro (cheio de borbulhas e a sentir que as miúdas não olhavam para mim) foi a stôra de Português que me chamou no fim da aula e conversou comigo, bastou ela ouvir com atenção e dizer que compreendia o que eu sentia para me sentir muito melhor. E quando o Tavares disse que se ia matar porque a rapariga com quem andava foi vista a curtir com um gajo qualquer, foi o nosso DT que falou com ele e lhe arranjou uma consulta no psicólogo. Não percebo nada da guerra dos professores, só sei que deve ser justa porque eles esforçam-se muito, já pensaram no que é aturar a malta, sobretudo alguns que só querem fazer porcaria, põem-se aos berros nas aulas e não obedecem, às vezes até palavrões dizem para os stôres? Muitos de nós querem aprender, mas o barulho é grande e há muita confusão, há lá gajos, repetentes e isso, que só lá estão porque são obrigados, depois há outros que são de fora e não percebem bem português, outros ainda têm problemas em casa e passam mal, a Vanessa que tem um pai alcoólico e que chora quase todos os dias ainda por cima foi empurrada na aula por um colega que só lá está a armar confusão... o DT disse que nós devíamos ser responsáveis e que tínhamos de acabar com isso, mas eu acho que a ministra devia era dar força aos professores para serem melhores, o meu pai diz que ela às vezes está certa mas eu não concordo, se vejo todos, mesmo todos os stôres da minha escola contra ela devem ter razão, os professores às vezes erram mas são importantes para nós, precisamos de estudar para ver se nos livramos do desemprego, isso é que é verdade! Por isso espalhem este mail, façam forward para quem quiserem. Digam aos que mandam para terminarem com as discussões que já estamos fartos e como na minha escola somos todos contra isso dos ovos (uma estupidez), *digam à ministra e aos sindicatos que já chega!* Façam uma escola melhor, ajudem os professores a resolver todos os problemas das aulas (ninguém pode fazer isso em vez dos stôres) e arranjem maneira de nós aprendermos mais, para ver se percebemos melhor o mundo e nos safamos, o que está a ser difícil.

Quem quiser dê opinião, o meu mail é brunovanderley@gmail.com, sou do8.º E da Escola Básica 2/3 do Lá Vai Um."

Daniel Sampaio. "O Natal que eu quero".
Público (revista "Pública"),30.Novembro.2008.

Buika

Mais uma nova e espantosa descoberta no mundo da música. O outro dia, deram-me a ouvir uma cantora fantástica de seu nome Concha Buika. É uma cantora negra de Palma de Maiorca, que foi adoptada por ciganos e que tem uma das vozes mais bonitas que conheci ultimamente. De tal forma fiquei deliciado com esta voz, que no próximo dia 16 irei ao concerto que se vai realizar no C.C.B. Deliciem-se:

http://www.youtube.com/watch?v=Lv4D5glbdx0

Mi niña Lola, concha Buika

http://www.youtube.com/watch?v=fpaOTWZUIgA

La falsa moneda, Concha Buika

As noites frias das Beiras

Este fim-de-semana o frio fez-se sentir em todo o país. O astro apresentava-se limpo e durante alguns momentos todos tinhamos a esperança que o manto branco cobrisse a serra... Olhávamos para a lua e esta aparecia com um briho e uma beleza única, algo a relembrar as histórias contadas pelos ancestrais à lareira... O cheiro a oliveira, a carvalho, a azevinho queimado na lareira é tão típico... E a conversa vinha dos mais velhos, que previam um nevão. E todas as manhãs nos abeirávamos à janela na esperança ver tudo branco.
E fomos brindados com isso... Há anos que não viamos tão rara beleza na forma como se apresentaram as serras... Há muito que não viamos nevar. E só isso foi mágico. Sentimos então o Natal a aproximar-se. Os preparativos, as previsões. O encanto que estava estampado no rosto das crianças, também se deixava vislumbrar pelo sorriso que cada pessoa.

As conversas giravam todas em torno do frio que se fazia sentir. E isso, mais do que tema de conversa, de desbloqueador, era uma realidade, sentida nos ossos daqueles que realmente estavam a viver esse fim-de-semana. Muitos aproveitaram para vir a casa e aproveitar para estar com os amigos, para dar atenção a todos os que nos rodeiam, mas todos desejavamos ardentemente que nevasse na aldeia, para poder recordar tempos idos e agradáveis das diversas brincadeiras que se tinha outrora... Várias recordações foram relembradas, saudades sentidas ou conversas muito agradáveis. Essa é a imagem que sempre me fica a cada aproximação do Natal.