quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O tempo

O tempo, que é tempo, tem coisas que só mesmo o tempo pode definir.
O tempo que se percorre, apresenta-se cada vez mais veloz, após a sua passagem.
Nada como a idade para mostrar que o tempo é escasso.

Mas é no tempo que reside toda a passagem de uma vida.
Uns com mais tempo, outros com menos.
Daí o tempo ter ligação a tudo o que se faz...

Há o tempo do sentimento,
Aquele que faz recordar bons momentos
O que confere as vivências com as pessoas de cada envolvência.

Ou o tempo do pensamento,
Que quando é necessário, faz pensar, reflectir, ponderar sobre todas as decisões tomadas.

Ainda o tempo profissional,
Que ocupa uma boa parte da vida,
Onde há momentos de tédio e de pura fustração,
Ou de verdadeiro prazer pelo que se está a desenvolver.

Não se pode dissociar o tempo ao lazer,
Aquele que todos sonham por poder gozar,
Podendo aproveitar cada hora, cada minuto, cada segundo,
desejando que esse momento seja prolongado...

A verdade é que o tempo mostra que, com ele, as coisas passam.
Mas algumas ficam.
Cada pessoa apresenta-se como o tempo:
Algumas vezes mais longínquo, outras vezes já tão perto.
O tempo tem o poder de curar tudo,
Ou então, tem o condão de agudizar o sentimento, a dor, o momento.

Mas o tempo será sempre associado a algo que não se pode negar:
Às recordações.
São essas que afirmam que o tempo vai passando,
Onde as gavetas do pensamento estarão sempre associadas.

Já é tempo de se dedicar ao tempo que se tem,
E de aproveitar os momentos e as recordações que o tempo faz questão de deixar.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O que é que se pretende?

    Várias vezes tenho usado a expressão: Não espero muito dos outros. E analisando as minhas próprias palavras, a realidade tem-me mostrado que as mesmas representam muito do egoísmo e da busca infindável do prazer pessoal e individual que cada um confere no momento de ignorar o outro. Isto é: se cada um não estiver à disponibilidade do outro, as vontades próprias serão sempre mais importantes. No fundo, não se sabe o que se quer. Uns dias, sim, outros dias, não... E enquanto a satisfação não bate à porta de cada um, vai-se vivendo segundo os padrões individuais, onde o lugar do outro é irrelevante, pois o bem-estar tem de ser pessoal, sem haver preocupação se os outros ficam sentidos, tristes ou se se está a magoar, de alguma forma, alguém. 
    Não nos entregamos aos demais porque essa satisfação não nos é permitida. Ou porque não é o pretendido, ou porque não é o que se procura, ou porque se espera algo melhor, mas que teima em aparecer... A questão que coloco é: e se não chega esse dia? e se estamos sempre à espera que algo aconteça e nunca mais ocorre? E onde fica o respeito pelo outro? A desilusão pode ser o mais provável... Como tem sido recorrente.
    Muitos dizem-se cansados dessas posturas. Mas a verdade é que esses mesmos não modificam a sua atitude. Jogam com o outro, leva-se o desejo ao limite. E quando se tem (ou não) o que se pretende, ignora-se, descarta-se ou inventa-se uma boa desculpa para poder fugir ao outro. E vai-se vivendo, sempre com os mesmos lamentos, dizendo que as pessoas deixaram de ter sentimentos e que estão mais descartáveis.
    Por isso, deixo aqui as palavras que tenho utilizado: Não esperem muito do outro. Vão vivendo segundo as emoções e logo virão melhores dias.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bruxas em Portugal

    Hoje seria uma boa noite para a caça às bruxas. Nunca como agora, no país real, teríamos tantos motivos para o exorcizar. Diriam os velhos da aldeia: parece que está tudo embruxado. Não deixam de ter razão... Senão vejamos. Vivemos num país na eminência de entrar em bancarrota ou então de ser vendido aos retalhos a diversas nações (quem dá mais? quem fica a ganhar? quem está por detrás destes negócios?) Somos comandados por outros que são um verdadeiro desastre (é impressão minha ou todos os países da Europa estão a viver em sufoco? Não era um projecto comum a solidariedade entre os paises da União?) Temos um primeiro-ministro que vive na incredulidade, num mundinho errado e mal fundado, pensando que está correcto, que a sua receita fiscal é a correcta e que salvará o país, tal como o mito sebastianista (não terá ainda olhado ao seu redor, vendo que a grande maioria diz estar errado, nomeadamente no seu partido?). Temos um ministro das finanças que está pactuado com Alemanha, olhando para o país com indiferença, como se a culpa fosse do povo todo o gasto feito até então, desculpando os políticos das medidas que tomaram nos últimos anos (que mal lhe fizemos? O investimento foi pouco nos seus estudos?). Não temos poder de compra, pois num país onde se ganha 1000 euros somos considerados ricos, dizem que teremos de acertar os nossos esforços com o que ganhamos e com o que gastamos, segundo a nossa produtividade (difícil e duro... Os portugueses só gostam de festa... Ganhamos demasiado...). Não se ganha nada de mais, sobrando muito pouco ou nada, tendo que contar no final do mês o custo de todas as despesas que são celebradas e cumpridas.  Queremos que nos deixem viver e que não nos encurtem as possibilidades. Mas parece que a luta não nos serve de muito... Somos levados pouco a sério. E mesmo que façamos algo, parece que somos ignorados... A quem devemos chegar as nossas queixas, se ninguém nos ouve? Só mesmo nas eleições? E durante 4 anos temos de aceitar estas posturas de ditadura? As bruxas já nos ocuparam e deixamos que sejam elas a lançar os feitiços. Que no existen brujas, pero que las hay, las hay...
    Enfim... Não é uma questão de gastar muito ou pouco. É uma questão de se viver. Simplesmente.
    Vamos ver como estão as bruxas pela noite. Pode ser que entreguem bom augúrio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Novos desafios

   A vida, lá fora, continua e nem nos damos conta da passagem do tempo quando abrimos os nossos mundos paralelos. Os desabafos são feitos ao vivo, em tempo real. E tanta coisa nova a acontecer que nos esquecemos de voltar aos nossos lugares... E sem os desabafos feitos aqui, parece que o meu rasto se perde mais um pouco. Neste momento, e em análise, vem-me uma serie de informação que deveria ter sido colocada em texto, mas as palavras fogem-me, sem saber por onde começar.
   Num ápice, novos trilhos ficaram disponíveis. E opta-se pelo desejo que sempre se ambicionou. Ao longo do tempo, vemos que na vida há percursos que podem ser mais dispersos do que se julgava.
   Desde o inicio de agosto, muita coisa aconteceu. Um fabuloso caminho por terras minhotas a caminho de Santiago Maior, um verão a guardar memórias e objectos para preparar os novos desafios e fechar mais um ciclo, à mudança desejada para a cidade da luz natural. Diríamos que as coisas foram correndo de feição. Mas o passado vem comigo... As pessoas, os lugares, os momentos... Tudo isso faz uma pessoa. A verdade é que os caminhos podem ser dispares.
   Todo este tempo, enquanto caminhava nos meus pensamentos em estado directo, vi que há decisões que devem ser tomadas de animo forte e sentido. Em que cada passo dado deve ser firme e convicto. Sim. É verdade que algumas vezes nos podemos perder. Em análise, há uma solução a cada momento: voltar atrás, ver onde está o erro e seguir em frente.
   É verdade que as lágrimas vão sendo cada vez menores. Dureza das coisas. Mas é essa a imagem que transparecem os adultos. Algo que marca o azedume de alguns caminhos trilhados. Nada como assumir o que se ambicionou.
Venham novos desafios e novos MOMENTOS para poder partilhar aqui ou em directo. As memórias são um bem precioso. Espero poder ir guardando algumas delas por aqui. Faz-me falta escrever.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A estrada individual

Anda-se errante pela estrada da vida.
Analisa-se cada um dos caminhos que se decidiu seguir.
Uns foram abandonados por decisão própria,
outros foram estradas que não poderiam ser feitas,
e algumas foram cortadas por decisão de outras partes.

Procura-se o que até então não foi encontrado.
Deseja-se ardentemente algo que ainda não pertence a ninguém.
Busca-se, com sentimento, a felicidade.

Viaja-se no passado.
Olha-se para os diversos momentos em que se foi feliz.
E sorri-se...
Mas vive-se também os que não foram bons,
os que fizeram sofrer.
Tenta-se entender os que não resultaram.
E sofre-se...

Tenta-se, muitas vezes, entender o porquê das coisas.
Nem sempre se encontra resposta.
Tem-se receio de confrontar, de perguntar.
Tudo porque essas respostas podem ser dolorosas e falsas.
Já aconteceu...

Vive-se então histórias de forma intensa.
Deseja-se que cada uma seja única.
Idealiza-se um presente, com vista para um futuro.
Mas de forma efémera, muitas acabam sem explicação.

A explicação tem de existir.
Ou com uma que não é dada a conhecer,
como um segredo que a outra pessoa não pode saber.
Ou porque não existe o desejo de escreve-la.
Ou ainda porque há fantasmas, medos, momentos que não são consentâneos.

E vive-se um dia de cada vez...
Espera-se que, nesse caminho, se encontre o que se procura.
Dura estrada é essa que fazem os que ainda acreditam...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Porque de vez em quando é necessário voltar

Após uma longa de ausência, muitas palavras têm sido proferidas, ditas, pensadas, ponderadas... Mas tudo acaba no mesmo lugar, onde analiso algumas das passagens pessoais. Não tenho tantos seguidores, mas aqui se vomitam palavras que muito sentido me tem feito...
Faço as análises que creio necessárias. Nem sempre encontram o consentimento e a aceitação de todos, mas isso deve-se à vivência e à visão que cada um faz sobre determinados assuntos.
No fundo, importante é que se escreva e que se diga o que vai na mente. 

terça-feira, 20 de março de 2012

Poema de um conterrâneo

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.
Eugénio de Andrade

quinta-feira, 1 de março de 2012

Cai-nos sempre uma lágrima

De forma mecânica, quase sempre em piloto automático, acorda-se todas as manhãs com uma disposição diferente. Nem sempre se desperta com um sorriso nos lábios, mas a maioria das vezes, até se inicia o dia sem grandes stresses e momentos desagradáveis. Claro que essa inebriante manhã se vai adensando com o despertar natural. O trabalho, o trânsito, as despesas, as tarefas... Todo esse cansaço vai-se adensando com o passar do dia e defina-se como a noite, com a vinda das estrelas.
São sobretudo os mais corajosos que ainda tentam agarrar-se à coisas boas, de forma a que o impacto das más seja menos feroz. Basta ver a disposição matinal em nosso redor. Inicia-se o dia com os bons dias, os olás, os beijinhos... Ou então com a indiferença latente rotineira. Uma mistura das duas é algo interessante e até apetecível. Desta forma, a sensação de reconhecimento é agradável e obriga ao esboço do primeiro sorriso do dia. Mas cada um sente as suas manhãs de forma diferente.
Há a vontade de mostrar um lado educado e polido, quando algumas vezes os nossos gestos são tidos como contraditórios. Há alguns momentos em que desejamos muito que o contacto seja mantido. Ou então que o outro lado tenha vontade de contactar. Há quem deseje que a sociedade note que está ali alguém, ou até que haja algum momento social, quando muitos sentem falta. Nem sempre se tem a mesma paciência. E algumas vezes, há vontade de passar despercebido. Somos todos uma contradição.
A paciência das pessoas é cada vez menor. E exemplo disso é o próprio acordar de cada um. Ou a forma como lidamos a cada manhã... Os desejos e as vontades dependem muito dos diversos momentos que cada um atravessa. Mas algo importante deve ser identificado e dito: por vezes, por muito que o nosso mundinho ande às avessas, esquecemos que do outro lado também se sente e que esse pode viver a atitude, de forma sincera. Sim, eu sei que andam por aí uns tontos...
Mais uma vez, vive-se cada dia. Não se espera muito dos outros, de forma a que a desilusão seja menor. E ainda assim, pode cair-nos uma lágrima que, com a palma da mão, se limpa o rosto. E sorri-se a cada manhã. Pede-se que este seja um dia agradável.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sou recordado!! LOL

Hoje deparei-me com uma dedicatória num dos meus textos. Não conhecia a musica, nem sequer o interprete. Gostei.
O contexto prende-se com o ter sido recordado, ao som desta musica. Ser recordado é bom, quando os motivos são de agrado do visado.
De facto, as musicas podem ser um bom post it dos momentos que passamos. Recordamos tal sitio, aquela pessoa, um determinado momento, uma manhã especial... numa musica que esteja ou a passar ou que andemos a ouvir.
Por isso, e já que a manhã começou com este pensamento... :) Thank's

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Momento

A vida é feita de pequenos momentos. O segredo está em saber saborear cada um que nos é agradável. A sua continuação? Depende muito da conquista diária e da disposição em que nos posicionamos perante cada desafio.
Dei por mim a pensar que, após alguns anos de escrita no meu blog, o tema mais recorrente foi sempre destinado com um chavão não intencional: o MOMENTO. Dei por mim a pensar muitas vezes nesta palavra e sempre tentei contorná-la. Na maioria das vezes não me foi possível. Tenho de admitir que muitas das palavras se devem aos momentos que tenho vivido e à forma como reajo a cada um deles. Essa reflexão faz-me bem e obriga-me à ponderação, desabafando palavras que me são queridas, com ânimo e vontade de tornar o meu mundo melhor. Um pensante bem intencionado e ponderado saberá que assim deve ser.
No meu mundo entram muitas pessoas e saem algumas que podem voltar a encontrar-se noutro momento, noutra altura. Outros haverá que ficarão simplesmente na memória como uma recoradação de um momento. Procura-se sempre encontrar pessoas com quem nos identificamos no momento e que, de certa forma, nos fazem bem e nos vão moldando na grande aventura que é a vida.
Mas são os momentos presenciais e vividos ao minuto que nos dão sabor para continuar na luta que cada um tem de fazer consigo próprio. São palavras. Essas ecoam na nossa cabeça e tomam força no momento adequado.
Os objectivos que cada um traça para consigo dependem, também, dos momentos vividos e das oportunidades que são colocados como desafio. E muito! Há momentos em que acreditamos em tudo, só pelo ensejo de obter uma resposta que seja a mais agradável. É o desejo de que, no nosso mundo, as coisas sejam mais fáceis de digerir e que tomem um equilibrio. Nem sempre resulta, todos sabemos. Momentos de frieza, momentos de dureza, momentos de alegria, momentos de paz, momentos de descoberta, momentos de prazer, momentos de pura loucura, momentos de confusão, momentos de tristeza, momentos de desilusão, momentos de desejo, momentos de agitação, momentos de ternura, momentos de carinho, momentos de violencia, momentos de discusão... Enfim... Tantos momentos são falados todos os dias.
Mas de todos os objectivos, um se prende sempre nesse momento: o desejo crescer e saber viver dentro dos meus ideais. Todos temos vontade de ter momentos felizes e bons. Simples. Ser feliz no momento.
Porém, nem sempre o momento pode ser agradável e trazer o que queremos. Muitas vezes nem eram os que queriamos ou pensávamos vir a ter. É aí que se encontra um desafio mais duro. Todos os momentos têm algo a ensinar-nos. Mesmo aqueles que nós, de deliberada vontade, causamos. Se os cometemos nesse instante, é porque nos fazem sentido, no momento. Possivelmente, poderão ser uma asneira. Ou serão, até mesmo, uma verdadeira descoberta. Podem trazer novos caminhos e possivelmente, novos momemtos que nunca teriamos ponderado. Momentos felizes, talvez.
E sobre o momento, com certeza, voltarei a falar. Porque a vida é feita de momentos.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Hoje... Amanhã...

Todos os dias me levanto a perguntar porque me sinto tão só... Saio de casa, começo o meu dia, de uma forma quase telegráfica. Vagueio como um espectro por entre ruas e corredores, sempre rodeado de transeuntes que se fazem notar, por onde passam. Sinto que dou passos solitários. Paro. Penso. E continuo o meu caminho, errante e sozinho... Reflicto e finjo que as conclusões me vão amadurecendo, tornando mais amargo e crescido. As perguntas ecoam na minha cabeça. Todos querem uma resposta. Não há paciência. Ao longo dos segundos que vão passando, refugio-me no meu canto, nos meus sonhos e desejos, onde atenuo o lado negro de toda esta sensação. Neste meu mundo, estou protegido. Aqui, ando pelas linhas do raciocínio. Do meu raciocínio. Não tenho de responder a ninguém. Errante e possivelmente errado. Ficam sempre as ultimas palavras. Fica sempre o ultimo suspiro, que vem do âmago. Insatisfação, talvez. Despedimo-nos sem grande efusão. Isto porque a solidão pode ser agradável, mas também pode ser algo assustador. Há o medo de ficar só, de ficar privado da companhia das pessoas que nos rodeia. Isso traz angustia e tristeza. Muitos são os errantes da vida que partilham o mesmo sentimento. E todos paramos. Analisamos para ficar tudo igual. Não incomodamos. Deixamos que as coisas aconteçam e que, possivelmente, voltem ao seu lugar, de onde nunca deveriam ter saído. É cómodo.
E segue-se em frente. No momento em que nos afastamos, um falso sorriso de satisfação fica estampado no rosto. Para-se. Pensa-se. E, como estando só, vai-se planeando outros afazeres para ocupar o vazio que esse sentimento guarda cá dentro. O sorriso vai-se desvanecendo. Procura-se então o refugio. Caminha-se rapidamente para um lugar de conforto, onde nada, nem ninguém, pode invadir e ditar regras. Ao entrar nesse mundo, fecham-se as portas ao ambiente que lá fora se torna agoniante. Por hoje, encerra-se mais um capitulo. Por fim, o descanso. A protecção está ao alcance de cada um. Basta lutar contra os medos e contra a solidão. Mas por hoje, só hoje, quero estar só. É a frieza, eu sei... Mas amanhã será um novo dia, com novos pensamentos.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

E agora, o que fazer?

Nos últimos tempos, Portugal tem estado na ribalta dos palcos económicos por motivos menos simpáticos. As agências de rating vêm mostrando a todo o mundo que o país é incompetente e que não sabe tomar conta de si, mesmo que isso não corresponda totalmente à verdade, esquecendo que é devido ao seu país de origem que o mundo vive tempos difíceis. Todos os dias, a população é bombardeada com notícias desagradáveis, incómodas e assustadoras - não só de dentro, como de fora. A própria espetativa de melhoria é fraca, senão muito duvidosa e sustida em muitas penalizações. O futuro "hoje" assusta qualquer um, pois não há confiança no porvir do país. A grande maioria da população nem sequer sabe ainda como reagir. Têm pela frente um monstro e desconhecem o seu tamanho. E isso, assusta ainda mais. A questão é: até onde pode ir este buraco que todos os dias anunciam? Será que o capitalismo tem um limite? Onde parte a corda? E depois de partir, o que fazemos ao país que está na bancarrota?
Tudo isto são questões que poucos sabem responder. O comum mortal não sabe. Mas a verdade é que a reação das pessoas foi sentida em passos muito pequenos e desenvolvidos de forma ainda mais lenta. Senão vejamos. No ano de 2003, os portugueses eram informados que existia um buraco nas contas publicas e que o país estava de tanga. Quem nos informava era o senhor "Cherne"... Portugal passou a viver na tentativa de arrumar as contas. Mas, aos olhos de todos, a sensação que o governo transparecia era que lhe era incómodo mexer realmente no problema. Vivíamos o inicio de uma austeridade a passos e sem fim... No entanto, as pessoas viveram na ilusão e continuaram a gastar o que tinham e o que não tinham, vivendo na ilusão que todos poderíamos ter uma vida melhor, sem a preocupação de poupar para o futuro.
Veio a queda de um governo e foi colocado no parlamento uma maioria partidária de esquerda. Alguns portugueses tiveram a esperança que estes conseguissem arrumar a casa e colocar o país nos eixos. E infelizmente, aos poucos, a população foi vendo os apadrinhamentos, o mau-gasto de dinheiros públicos, a criação de empresas municipais ruinosas e sem trabalho válido, de políticos corruptos, de leis duvidosas... Enfim... Um dançar de posições que foi sendo dramatizado pelos protagonistas de sempre... E mesmo aí, estando os portugueses fartos desses protagonistas, aproveitavam os dias de escrutínio para prender-se com outros prazeres mundanos. Todos falavam nos canais de noticia que a população se tinha demarcado, há muito, da vida política. E isso, como é lógico, teria um custo, mais dia, menos dia.
E desde 2008, altura em que o mundo descobre que o dinheiro pode ser soberano nas nações, deparou-se com uma crise mundial. E Portugal ainda não tinha arrumado as suas contas. Mais! Por motivos populistas, o Primeiro-Ministro decidiu baixar o IVA em ano de crise! Isso não iria salvar as contas do país, pois diziam que era irrisório. Mas não estaremos todos cansados de ouvir sempre o mesmo discurso? A típica frase "Mas isto não é significativo para o orçamento"? Mas que raios! Não são demasiadas pequenas contas que não são significativas para o país? A situação foi agravando e fomos escondendo alguns pontos à Europa. Porque as contas eram pequenas...
E chegamos a 2011, onde finalmente perdemos a postura e temos de pedir ajuda ao exterior. Foi quando as pessoas levaram um verdadeiro murro no estômago. Foi-lhes retiradas diversas regalias, já por todos conhecidas e a vida ficou mais cara. E o que assusta é que nada nos garante que os próximos anos não tenhamos mesmo de empobrecer para que os nossos governantes atuem a seu belo prazer, podendo beneficiar de regalias que o comum cidadão não tem.
A população, após toda este caminhar penoso que vai tendo, vai vivendo segundo o sabor do vento. Vão gastando o que têm e pensam no futuro como algo que virá depois. Começa-se agora a ver o receio de não ter. E começa-se agora, já tarde, a poupar o que não pode ser poupado... Vivemos tempos dificeis... Mas sobre esses tempos, acresce a possibilidade de serem ainda mais duros. O que deveremos fazer? Como reagir? Vivemos com a Troika, que pode não ser a solução. Ficamos mais pobres e nem por isso a economia melhora. Os atores principais não nos dão confiança e algumas vezes deixam transparecer a ideia que não se preocupam realmente com o país real, aquele que é necessário a tantos pensionistas, a tantas famílias pobres, a tantos trabalhadores que vêm a seu trabalho empobrecer... O que fazer? Como de veremos actuar? Perguntas que vão passando e a resposta tarda em chegar. Todos estamos implicados, mas custa-nos a sermos carrascos de nós próprios...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um dia 23 simples

Vagueei durante muito tempo neste dia.
Acordei, com a sensação que não deveria programar nada. Na noite anterior, como forma simples de marcar a data, tive direito a um pequeno brinde com os companheiros de casa. Estavam desejosos de se ir deitar. Lol Achei simpático da parte deles. Eu sabia que no dia seguinte eles teriam de se levantar cedo, mas não quiseram deixar passar impune o momento. Fiquei então sozinho, com os meus pensamentos e momentos de lembrança, até às 17h00 da tarde.
Durante esse tempo, fui recebendo mensagens, que eu amavelmente fui respondendo. Confesso que é das coisas que mais me agrada são as mensagens ou os telefonemas que se vai recebendo. Fica-se sempre expectante de saber se as pessoas que temos à nossa volta, os amigos e os familiares nos irão dizer algo. Temos sempre receio que tal ou tal pessoa não nos ligue...
Mas decidi então não marcar nada. Deixar que as coisas fossem acontecendo ao sabor das horas que iam passando. Saí de casa para comer algo. Assim que cheguei à rua, onde o sol reinava na sua plenitude, liguei a um amigo. Disse-me que estava cheio de trabalho. E conversa vai, conversa vem, acabou por não poder vir ter comigo. Decidiu combinar para mais tarde. Pois... por essa razão decidi manter o meu plano. Não liguei a mais ninguém e reservei este momento só para mim. Comprei o jornal, O i ou o Publico, creio... Sentei-me numa esplanada, fiz o meu pedido e perdi-me no meio do meu mundo da minha sede de informação. Deliciei-me durante largos minutos ao dolce fare niente. Após este momento tão desejado, decidi dar-me algum rumo e dirigir-me para casa. Ao passar pelas ruas habituais encontro, ao acaso, um amigo. Foi pura coincidência. Não esperava encontrar-me ali. Foi então que decidimos ir tomar café. Não se recordava da data. Normal. A importância das coisas está na forma como cada um interpreta as suas prioridades. Mas acabamos por falar e colocar a conversa em dia. Esta conversa soube-me muito bem. Voltei a ter o sabor dos bons momentos que há muito não tínhamos. Ri-mos. Falamos de coisas sérias. De relações. E no meio disto tudo, voltei a sentir-me bem entre este mundinho que tempos antes até usufruía.
Despedi-me dele e fui para casa. Aí, aguardavam-me os meus colegas para festejar-me e irmos jantar. Decidiu-se na hora onde ir. Nada combinado, como já tinha sido estipulado por mim, no meu subconsciente. Jantamos, partilhamos, rimos, brindamos. Tudo decorria com a beleza do tempo não combinado. Saímos e fomos ouvir musica ao vivo. Já me tinha esquecido do quanto era bom ouvir boas vozes e instrumentos afinados... Aí estivemos até que o dia findou. Acabei com um sorriso nos lábios. Vários pensamentos me vieram à cabeça. Um ficou certo. E esse, vou manter com a mais pura verticalidade.
É um número redondo. E isso agrada-me. É redondo porque assim o entendo. E com as resoluções do ano anterior, espero que melhore os diversos pontos que me vão magoando ou dando alento para continuar. Há quem falhe, há quem simule, há quem esteja sem paciência, há quem esteja ansioso, há quem queria partilhar, há quem queria estar presente. A todos, um verdadeiro brinde da minha parte.
Gostei do meu dia inesperado.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O boneco

Apaixonei-me por um boneco. Após um passeio por sítios habituais bem conhecidos, encontrei, ao acaso, esta peça que me tem atormentado. Deparei-me com ele, mesmo na montra. Era grande, com olhar e cabelo escuro, dava aso de ser antigo. Trazia um traje de artesão, não sabendo definir qual a área. Assim que o vi, andei vários dias a contemplá-lo na montra. Vi-me com os coração na boca, a um ritmo que nunca tinha sentido.
Entrei na loja, olhei para o brinquedo e tentei imaginar qual a abordagem que poderia ter com ele. Num primeiro momento, pareceu-me que tinha desejos algo carnais, algo que desejava ter, com tudo o que tinha direito e que pensava fazer-me falta. A primeira abordagem foi de posse, de desejo, de tesão por ter esse boneco, naquele momento.
Tentei, após uns dias de ausência e de ponderação, investir no objecto. Magiquei e sonhei na sua compra, de forma a levá-lo para casa.
Era um brinquedo caro, difícil de poder ter. E deparei-me que não seria meu... Por diversas razões: eu próprio poderia ser um impedimento; ou não seria merecedor de desfrutar tal peça; ou mesmo porque não havia relação entre o objecto e o dono; e a mais plausível seria mesmo porque não tenho dinheiro suficiente para que o possa comprar... Veio-me a tristeza. E logo depois, a dúvida: Mas porquê? O que me falta para o poder ter? Porque não tenho eu esse poder de o possuir?
Os dias foram passando e, ao vê-lo todos os dias na montra, quando vagueava por essas ruas, fui-me habituando e aceitando este fado. Os dias, as semanas, os meses e os anos foram passando e a vontade de o ter foi-se diluindo...
Hoje, quando vejo o boneco, já mais velho, mas igualmente bonito, pergunto-me o que teria acontecido se o tivesse comprado... Qual teria sido o caminho e onde o colocaria. Imaginei-o em casa, num lugar onde o pudesse contemplar, sem nunca cansar as duas partes. Sei que poderia brincar com ele, abraçá-lo, valorizá-lo e ter o meu primeiro objecto de colecção. Mas não o vou ter.
Um dia, quem sabe se terei...?