Várias vezes tenho usado a expressão: Não espero muito dos outros. E analisando as minhas próprias palavras, a realidade tem-me mostrado que as mesmas representam muito do egoísmo e da busca infindável do prazer pessoal e individual que cada um confere no momento de ignorar o outro. Isto é: se cada um não estiver à disponibilidade do outro, as vontades próprias serão sempre mais importantes. No fundo, não se sabe o que se quer. Uns dias, sim, outros dias, não... E enquanto a satisfação não bate à porta de cada um, vai-se vivendo segundo os padrões individuais, onde o lugar do outro é irrelevante, pois o bem-estar tem de ser pessoal, sem haver preocupação se os outros ficam sentidos, tristes ou se se está a magoar, de alguma forma, alguém.
Não nos entregamos aos demais porque essa satisfação não nos é permitida. Ou porque não é o pretendido, ou porque não é o que se procura, ou porque se espera algo melhor, mas que teima em aparecer... A questão que coloco é: e se não chega esse dia? e se estamos sempre à espera que algo aconteça e nunca mais ocorre? E onde fica o respeito pelo outro? A desilusão pode ser o mais provável... Como tem sido recorrente.
Muitos dizem-se cansados dessas posturas. Mas a verdade é que esses mesmos não modificam a sua atitude. Jogam com o outro, leva-se o desejo ao limite. E quando se tem (ou não) o que se pretende, ignora-se, descarta-se ou inventa-se uma boa desculpa para poder fugir ao outro. E vai-se vivendo, sempre com os mesmos lamentos, dizendo que as pessoas deixaram de ter sentimentos e que estão mais descartáveis.
Por isso, deixo aqui as palavras que tenho utilizado: Não esperem muito do outro. Vão vivendo segundo as emoções e logo virão melhores dias.